Crítica | Letter To Self


★★★☆☆
3/5

Para qualquer artista, o primeiro trabalho acaba tendo um peso gigantesco, visto que o objetivo de deixar uma boa impressão é bastante almejado. E, sem dúvidas, SPRINTS conseguiu alcançar esse objetivo com certa folga.

Álbuns de pop punk/garage punk são sempre muito comentados na indústria da música, muitas vezes por seus posicionamentos políticos (como o Green Day faz) ou pela lírica totalmente “rebelde” acompanhada de vocais fervorosos de seus respectivos vocalistas. Entretanto, SPRINTS segue uma linha um pouco diferente (mas não única) em seu debut, nos mostrando letras mais introspectivas e sombrias sobre a vida, relacionamentos e até mesmo autoestima.

Em diversos momentos do disco nos deparamos com letras nas quais o eu-lírico afirma ser uma bagunça, estar perdido, tentando fazer algo melhor e até mudar de aparência se for necessário, tudo isso buscando a aceitação de pessoas próximas ao narrador. Essa busca é tão sedenta, que em “Cathedral” o relator questiona Deus diversas vezes sobre a felicidade, como se fosse um sentimento inalcançável e impossível.

Letter to Self se perde um pouco tratando-se de produção; por ser um garage punk, é completamente compreensível obter algo mais pé no chão sem muitas tentativas de surpreender, porém, a falta de personalidade instrumental afeta muito a banda aqui. Muitas vezes as canções passam por emaranhados solos de guitarra que não chegam a lugar algum, deixando apenas a música inaudível por alguns segundos, fazendo com que o ouvinte não se prenda tanto ao disco quanto poderia. Os vocais de Karla são potentes, com certeza, é uma das características mais marcantes do LP, possuindo uma entonação aguda e serena em momentos calmos e furiosa em faixas mais pesadas.

De modo geral, Letter to Self se mostra um bom disco de estreia, apesar da falta de identidade em diversas canções, o álbum se destaca com bons vocais e temas interessantes não muito comuns para o gênero. SPIRITS nos dá uma bela perspectiva para o futuro do grupo no pop punk.

Selo: City Slang
Formato: LP
Gênero: Rock / Garage Punk, Pop Punk
Davi Landim

Meu nome é Davi, curso jornalismo e sou viciado em escrever sobre música. No Aquele Tuim, faço parte da curadoria de Rock.

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