Crítica | Come June


★★★☆☆
3/5

Mitch Rowland é reconhecido principalmente por sua colaboração de longa data com Harry Styles, contribuindo ativamente para os três álbuns do cantor pop. Algumas das músicas mais destacadas incluem "She", "Keep Driving" e "Ever Since New York". Recentemente, Rowland surpreendeu seus poucos admiradores ao embarcar em uma carreira solo, com a participação especial de sua esposa, Sarah. O mais surpreendente foi o estilo do seu álbum, que se inclina mais para o folk rock do que para o rock psicodélico ou progressivo que era o esperado devido às suas produções em obras de terceiros. No entanto, isso não foi encarado como um ponto negativo em sua nova jornada como artista; pelo contrário, foi uma evolução bem-vinda em sua vida musical.

O álbum Come June é uma obra breve e poeticamente melancólica, que oferece um vislumbre do desejo do artista de se libertar e seguir seu próprio caminho, ao mesmo tempo em que revela sua falta de ambição, preferindo perseguir novos horizontes, fazendo com que o público questione se isso terá ou não um resultado benéfico. A primeira faixa, chamada “Bluebells”, expressa um sentimentalismo solitário e medroso, evocando as músicas de Elliott Smith e os primeiros trabalhos de Bob Dylan. Mitch abraçou sem hesitação o conforto que sua arte lhe proporciona, como evidenciado em “All The Way Back”, em que ele compartilha um pouco de suas emoções ao mesmo tempo que transmite uma visão otimista ao mencionar o “retorno para casa”, um tema recorrente ao longo do álbum.

O destaque do disco é a música "Here Comes The Comeback", em que Rowland se liberta da calmaria extrema e descobre um som mais enérgico, é quase como um momento de virada para a obra, enquanto compartilha com os ouvintes que ele está "no topo da cidade" ao se conectar com sua fonte de inspiração, sua amada musa. Essa canção romântica e suave na medida certa, afastando o medo, é precisamente o estímulo positivo que este álbum requer, chegando no momento certo para levar o público a concluir a experiência sonora construída aos poucos.

Contudo, dado que nem tudo é esplêndido, o disco erra na quantidade exagerada de repetições das músicas, pode ser parte da pretensão do artista? Sim, mas como essa intenção não foi confirmada por ele, acaba soando um pouco fatigante auditivamente. Pela proeminência lírica de seus trabalhos anteriores, tinha a expectativa de que sua carreira solo seguisse a mesma trajetória. No entanto, com suas tentativas recentes e incursões corajosas em novos estilos, é algo que ele provavelmente pode se concentrar em melhorar.

Um dos pontos incríveis do álbum é como a guitarra de Mitch Rowland e a bateria de sua esposa, Sarah Jones, se complementam. Eles conseguiram criar uma sonoridade maravilhosa em algumas faixas, especialmente em “Medium Low”, cuja união deles é perfeita. Estou na expectativa de que os próximos trabalhos solo desse novo cantor sejam ainda melhores, porque dá para perceber o grande talento dele.

Selo: Erskine, Giant
Formato: LP
Gênero: Folk / Rock, Pop, World, Country
Alícia Cavalcante

Graduanda em Química. Crítica no Aquele Tuim para as curadorias de Rock e Rap/Hip-Hop.

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