Crítica | Vivian’s Bedroom


★★★☆☆
3/5

Vivian’s Bedroom, de Tamborim Dream, inspeciona a naturalidade resultante da ação humana na carga instrumental e estrutural de uma música, na sua construção, e aquilo que precisa para ser feita, executada, produzida ou semeada.

Essa poderia ser a descrição de qualquer jam session, mas aqui, a combinação de fatores, principalmente aqueles centrados numa excepcionalidade de sons localizados em determinados espaços e regiões, como as referências do choro brasileiro em “Com Ana”, faixa de abertura em parceria com Ana Frango Elétrico, estabelece mais do que a erudição.

Nessa busca pelo reencontro, a naturalidade, os diálogos de fundo — quase como uma ação ambiente — de “Flautas da Alma”, cuja leveza atua na construção de uma atmosfera calma, lenta e aconchegante, atinge níveis psíquicos distintos de adesão e exibição. Noutros momentos, mais curtos e diretos, como “Mágica Verde” e a curta sequência “Lascreama” e “Cuando el Amor se Rompe” até chegar a “Chadabesq”, há uma certa condensação eletrônica, fluida e lúdica, enraizada num minimalismo acústico.

São criações como essas, descritas como sequências harmônicas (poli)rítmicas, que atraem uma beleza orgânica à música e ao seu modo de fazer. Torna-se ainda mais interessante dado o contexto coletivo, de encontro, com artistas de diferentes lugares, crenças, ideias e experiências que se chocam pelo desejo único e exclusivo de trazer a diversidade a partir da unidade que aqui se estabelece. É lindo.

Selo: Week-End
Formato: LP
Gênero: Experimental / Eletrônica, Improvisação Livre
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

Postagem Anterior Próxima Postagem