
3/5
Há dois anos, Lyn Lapid lançava seu primeiro EP. Seu início de carreira foi imaturo, ainda apresentava muitas falhas, e era necessário um tempo para que essa evolução acontecesse; agora, parece que esse momento finalmente chegou. Seu recém-lançado álbum de estreia, BUZZKILL, não apenas revela a artista em sua forma mais madura, como também corrige algumas falhas de composição e melodia que, particularmente, considero fundamentais para o carisma do projeto.
A princípio, suas faixas parecem ter um público-alvo bem definido: jovens adultos e adolescentes. Isso não é um problema, afinal, toda a estética de produção — que bebe do indie pop e flerta com o pop rock — é claramente inspirada em artistas como Olivia Rodrigo (nas baladas, como em “Forecast”) e Rachel Chinouriri (no conteúdo lírico, como em “Death Wish”). Inicialmente, Lyn deixa uma sensação amarga de déjà-vu; mais do que meramente inspiradas, as faixas carregam a mesma energia de tantos outros produtos semelhantes que nos cercam constantemente, o que resulta em uma primeira impressão de algo genérico e supérfluo. No entanto, com a escuta amadurecida, ocorre uma virada de chave na percepção inicial, revelando um novo olhar sobre BUZZKILL — como exemplifica “Coraline”.
Sua escrita, comparada ao projeto anterior [colocar em casa], mostra-se bem mais madura; as melodias são mais refinadas, demonstram maior cuidado, e histórias que poderiam soar bobas tornam-se mais identificáveis e com os pés no chão. Somos transportados para um quarto vazio, após uma longa jornada de estudos — é nesse espaço íntimo que nossos pensamentos sobre a vida, nossas escolhas e relações sociais são fermentados. Afinal, podemos ser resenhistas, dar notas boas ou ruins, mas sempre há identificação com projetos que dialogam com a juventude.
No geral, BUZZKILL é um disco que pode ser interpretado de duas maneiras: por um lado, como algo barato, genérico e repetitivo em relação ao que já se faz no mainstream; por outro, como um projeto mais maduro, que aborda dilemas do início da vida adulta e suas incertezas diante das pessoas, decisões e amores que enfrentamos. Apesar de considerar válidas ambas as leituras, enxergo o álbum como um LP mais humano, aberto e natural — ainda que não esteja livre de certa rigidez.
Selo: Mercury
Formato: LP
Gênero: Pop