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É verdade que o jazz é um movimento de música popular. Há uma má compreensão do gênero, que parte especialmente de uma percepção "vanguardista" de alguns de seus subgêneros, de que o jazz é necessariamente um gênero associado ao virtuosismo. Não é querendo negar que não existem músicos de jazz que sejam virtuosos, pois seria impossível, mas há também uma conexão muito forte com formas mais simples de fazer música.
MYT explora um espaço no meio disso, há uma categoria muito intensa que aparece junto aos tempos esquisitos de bateria, os cortes de samples perfeitamente encaixados em contratempo, ou um jeito quase acadêmico de tocar guitarra. Há também, contudo, experimento com neo-soul, na faixa “GREEN LIGHT” junto com a rapper ENNY, além de criações de melodias e harmonias que são facilmente simpáticas a qualquer ouvido.
O mais interessante disso tudo é como o álbum passeia por tendências do jazz históricas, ou não, e mostra um resultado genuinamente refrescante para o gênero. A começar que os grooves são bastante característicos do jazz fusion, ainda que aqui não sejam tão presos a repetições, como é o comum nesse tipo de música. Não somente isso, mas há segmentos, como em “RIDGEWALK”, que remetem muito mais a um jazz clássico, ou “DEEP”, que já soa mais avant-garde. Mas tudo feito de um jeito contemporâneo, com assistência de equipamentos eletrônicos e bem localizado numa onda que não se contenta em meramente reproduzir o passado.
MYT se apresenta, então, como um experimento interessante dentro do jazz. Não necessariamente apresentando uma fórmula, ou uma proposta completamente inusitada do estilo para o século XXI, porém mostrando por meio de batidas contagiantes e músicas originais que é possível sempre levar algo adiante. E talvez esse passo adiante (ainda) esteja na estética popular.
Selo: LEITER
Formato: LP
Gênero: Jazz / Nu Jazz