Crítica | Long Day


★★☆☆☆
2/5

A premissa era interessante: a banda carioca de indie rock Moptop, fundada no início dos anos 2000 e cujos álbuns anteriores a tornaram de grande relevância na cena musical da época, anunciou seu retorno após um hiato de 15 anos com seu terceiro álbum de estúdio, Long Day, com 10 faixas inéditas e todas cantadas em inglês. Moptop (2006) e Como Se Comportar (2008), apesar de deliciosamente datados, são álbuns que ecoam uma nostalgia característica, tanto do gênero quanto da banda, que é forte o suficiente e tão bem costurada no tempo que foi capaz de encantar no passado e ainda traz um sentimento bom quando as músicas são ouvidas no presente. Long Day, no entanto, não tem a mesma força.

Ouvir o novo álbum é como olhar para uma fotografia antiga. Para quem presenciou o passado, até há um certo quê de nostalgia, mas, para quem vem de fora, parece quase impossível captar a sentimentalidade da proposta. E mesmo a nostalgia para os fãs antigos parece pequena demais quando comparada ao que foi lançado antes. No fim das contas, por mais que haja certa luz em algumas faixas – “Running”, “Tightrope” e “Glow” foi minha sequência favorita – Long Day parece perdido, raso, e não é inovador a ponto de se tornar atrativo para novas gerações nem nostálgico o suficiente para gerar identificação no público antigo.

Como uma fã ansiosa que aguarda os shows de retorno da banda, senti muita falta de músicas em português. Além disso, em uma entrevista ao G1 em 2020, o vocalista do Moptop, Gabriel Marques, menciona que “a ingenuidade do início” foi a responsável pelo sucesso da banda no passado. Arrisco a dizer que, mais do que isso, a coragem e a ousadia foram os sentimentos que emplacaram o grupo, características que ao menos me parecem bem claras e marcadas na sonoridade anterior, sobretudo no primeiro álbum, que faltaram em Long Day e que, com certeza, teriam feito esse último trabalho ir mais longe e conquistar de fato as propostas para as quais ele foi criado.

Selo: Yeah Rock Records
Formato: LP
Gênero: Rock / Indie Rock

Raquel Nascimento

De um lado, é profissional do texto há 8 anos, atuando como revisora, redatora, tradutora e escritora. De outro, é cantora e baterista, apaixonada por música de todos os gêneros. Unindo essas duas vertentes, escreve para o Aquele Tuim, fazendo parte da curadoria de Rock.

Postagem Anterior Próxima Postagem