Crítica | Columbia Deluxe


★★★★☆
4/5

Columbia Deluxe é quase como uma coletânea, quase como um álbum ao vivo, quase como um novo álbum — não há como classificá-lo exatamente, e isso diz muito sobre o trabalho singular do projeto Fuubutsushi. O álbum pretende documentar sua primeira e única apresentação ao vivo até o momento, apresentando composições desde seus primeiros lançamentos até o LP Meridians, lançado em 2024.

Aqui, somos imersos nos acordes doces, afáveis e profundamente reconfortantes do jazz ambiente que a banda cria como se fosse uma parte viva de sua existência. São explorações cinematográficas, não no sentido de serem grandiosas como uma trilha sonora de Hans Zimmer; há algo pitoresco, devocional, que encobre a realidade com as marcas do tempo. Os fragmentos vocais ecoam ao fundo como uma névoa que se dissipa com o passar da manhã ("Bolted Orange"), desde as primeiras horas da luz do dia.

Então, as cordas entram em cena, em um volume um pouco mais claro e alto, como se algo tivesse despertado. É o caso de "Loop Trail", que parece repleto de drones calculados, projetados para parecer que não são o que são. A cada momento, uma ilusão positiva paira, em frequências diferentes, com sussurros distintos, prontos para nos guiar naquele tom que só uma performance ao vivo pode impor a essas composições.

É por isso que tudo parece funcionar; a ideia dessas composições verem a realidade ganha vida. É nesse momento que a delicadeza da experiência se sobrepõe às nossas impressões. É como se algo novo, naquilo que o projeto criou ao longo do tempo, tivesse surgido do zero. É isso que a música é.

Selo: American Dreams
Formato: Ao Vivo
Gênero: Jazz / Experimental

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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