★★★☆☆
3/5
3/5
O álbum de estreia de Annahstasia é mais do que apenas uma reafirmação de suas qualidades artísticas; é um sopro de pertencimento e liberdade. A artista conta que desde que começou a se aventurar no mundo da música, foi colocada em caixas como a do R&B, embora suas criações sejam vertiginosamente amplas, e o folk tenha se tornado o espaço em que melhor se encaixam. Tether caminha por esse som como nenhum outro disco lançado esse ano, porque nota-se na construção dele um desejo de Annahstasia em permear sua presença, em fazer das suas letras e temas narrativos que jamais se apequenam diante da simplicidade que o gênero propõe.
Seu vocal, por isso, é a locomotiva que puxa todo o resto. São acordes acústicos que cobrem ela como um véu, uma penumbra que, quando consegue expor sua intimidade voraz, nos aproxima ainda mais do que tem a oferecer. É o caso de “Believer”, faixa que encerra o disco e que, nos seus mais de 6 minutos de duração, reúne tudo aquilo que Annahstasia busca propor desde os primeiros instantes. “You make my life harder”, proclama no primeiro verso, como se iniciasse um diálogo, de modo a nos colocar nessa conversa, e conforme o ritmo avança, com acordes se tornando cada vez mais intensos, a artista parece querer ir mais longe nessa exposição calculada, e quando menos se espera, fazemos parte do seu interior, pois a forma como ela canta – e nos toca – beira o âmago.
E talvez essa seja a grande chave de Tether: a capacidade de Annahstasia em dialogar, usar um gênero que inicialmente fora lhe negado, e provar sobretudo que ela é capaz de fazê-lo como ninguém. É uma das estreias mais promissoras dos últimos anos, ainda que muitas vezes dê a impressão de girar em torno dessa mesma competência que a destaca, fazendo da sua exploração folk com vocais marcantes uma via de mão dupla.
Selo: drink sum wtr
Formato: LP
Gênero: Folk / Cantor-compositor