Crítica | private music


★★★☆☆
3/5

Um lançamento do Deftones é um lançamento do Deftones. Você sabe exatamente o que vai ser, como eles vão entregar e qual será a abordagem. Em alguns casos, isso pode soar como um infortúnio musical: ninguém, nem mesmo os fãs mais alienados do mundo, gosta desse tipo de repetição e repertório escasso. Por outro lado, esta talvez seja a melhor escolha que um artista pode fazer, uma vez que o saudosismo e a referência centrada em seu próprio espaço criativo, seus signos e sua reconhecível construção de som e lírica, são anzois altamente atrativos. No caso de private music, o décimo álbum da banda, a sensação é uma mistura dos dois. Porque, no fundo, este é apenas mais um lançamento do Deftones, com falhas e pontos fortes. Coisas para pôr defeito e coisas para pôr qualidades.

Soa mais limpo, mais organizado e mais consciente de seus elementos – no sentido de saber como brincar com as marcas registradas que criaram ao longo dos anos – do que qualquer coisa que tenham lançado antes; se parece menos como algo novo, embora seja. E há indícios de que esta seja a sua pior característica, pois há momentos como “ecdysis”, em que o ritmo parece comprimido ao máximo, com uma agressividade passageira, e as faixas de destaque, como “my mind is a mountain”, “milk of the madonna” e “cut hands”, mal conseguem crescer como deveriam. Estão presos entre soar grandes coisas e evitar ser algo grande, pois precisam fisgar o ouvinte de longa data e os novos que surgiram nos últimos tempos, quando Deftones virou moda no Twitter junto com a onda de devoção recente ao shoegaze. Essa ida a caminhos ditosos dá a impressão de que, por mais que se esforcem, esse novo tom, mesmo enraizado no passado, não pegasse, não tivesse efeito algum. E isso é pior do que ser ruim; ser alheio às suas verdadeiras capacidades.

Selo: Reprise Records
Formato: LP
Gênero: Rock

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

Postagem Anterior Próxima Postagem