Crítica | Coletânea Good Times


★★☆☆☆
2/5

A ideia por trás de Coletânea Good Times, de ogoin e Linguini, é interessante. Em primeiro plano, está a exploração, pelos dois artistas, de temas líricos que evocam uma devoção exagerada ao amor, de uma forma brega que, de algum modo, faz sentido. Em seguida, vem o som, uma mistura de tudo o que permeou o pop brasileiro entre os anos 90 e 2000, com bastante R&B e resquícios de pop e um melody enraizado no miami bass, condensados num apelo nostálgico que ocupa todos os espaços que eles buscam criar ao longo do álbum. E talvez aí esteja o problema. Para uma coletânea, Coletânea Good Times revela pouco sobre sua razão de ser. As músicas não partem de nenhum retrospecto amplo e, embora sejam previamente conhecidas, falta-lhes força para se destacarem além do corte impresso no contexto deste lançamento.

Em outras palavras, não há um sentido ontológico, muito menos uma consideração que faça deste conjunto de faixas um seleto grupo de lançamentos que ogoin e Linguini decidiram destacar em suas carreiras, que se unem por meio da colaboração. Por isso, grande parte das músicas parecem ter alguma dificuldade de conquistar o ouvinte que chega agora, e não é por falta de esforço, pois eles fazem de tudo para criar um tipo de familiaridade que vai além da mera lembrança de quem outrora ouviu algo parecido. Há, porém, alguns acertos, como “Good Times”, que realmente funciona, pois consegue cativar com o arranjo geral do conjunto instrumental, com tomadas de sopro e bateria eletrônica atmosféricos, e letras que dispensam maneirismos temáticos vinculados às outras faixas. É a única música aqui que parece digna de uma compilação.

Selo: Produto Marginal
Formato: Compilação
Gênero: Pop / R&B

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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