Crítica | Double Infinity


★★★☆☆
3/5

O novo álbum do Big Thief, Double Infinity, acompanha a saída de Max Oleartchik em 2024, marcando uma mudança completa de paradigma para a banda. Claramente, havia uma singularidade entre eles que sempre conferiu aos seus lançamentos a grandiosidade de um coletivo de artistas fazendo música hipster, tocando e cantando sobre temas com um certo tom de bucolismo barato, mas muito eficaz quando visto através da lente natural que pareciam possuir intrinsecamente. Isso levou seus álbuns a serem consistentemente elogiados e reconhecidos como o produto de uma época que só o poder da calma poderia descrever, e eles o fizeram, porque eram, acima de tudo, centrados. Isso parece ter mudado, e Double Infinity revela constantemente a fraqueza da banda, já que eles não alcançam a mesma naturalidade de outrora.

Os arranjos são convincentes nos médios: eles têm acordes que aderem a melodias folk que memorizamos de seus trabalhos. No entanto, há uma maior incidência de mudanças de estilo, com maior incidência de indie rock de faixada, o que diminui os avanços da banda em terrenos mais distintos do gênero que eles costumavam abordar. É como se tivessem abandonado uma característica que vinham cultivando tão bem, e não há como atribuir isso a uma divergência natural, porque perderam esse aspecto. Soa cru e, no contexto criativo deles, forçado, comum, raso... É difícil aceitar uma queda tão drástica de um material para o outro, mas como se não bastasse, Double Infinity está ainda mais sem graça do que o normal, soando como se as ideias de rock – guitarras mais aceleradas sobrepujando os vocais doces de Adrianne Lenker – não combinassem com a mesma tonalidade de antes, e fossem quase repetitivas. Falta algo, ou talvez sobre algo: a vontade de seguir em frente, fingindo que nada aconteceu.

Selo: 4AD
Formato: LP
Gênero: Rock / Indie Rock, Folk

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

Postagem Anterior Próxima Postagem