
2/5
Rich Man tinha a ambição de mostrar uma visão nova à discografia do aespa. O disco surgiu com um conceito voltado para uma banda de rock, desde os seus elementos visuais da guitarra e da palheta, às imagens das artistas portando guitarras e teclados, como musicistas integrantes de uma banda. Era até mesmo o momento perfeito para a SM fazer a proposta similar ao icônico momento de REBOOT, do Wonder Girls, em que elas se apresentavam como banda, mas é claro que com a falta de criatividade que está permeando os lançamentos de artistas da empresa recentemente, a chance desse conceito ser construído de forma mais interessante era extremamente remoto.
Assim foi como Rich Man se realizou. É um disco absurdamente sem coesão, soando como uma mistura de projetos de outros artistas da SM, carente da personalidade de aespa, além da sua proposta supostamente rock ser usada de forma tão rasa como um córrego em época de estiagem. “Rich Man” limita seu aspecto rock às guitarras pretensiosamente imponentes alinhadas a batidas hip hop próximas ao trap, uma instrumentação que, na verdade, se mostra muito desestimulante, acompanhada de ganchos sem força. A última faixa “To The Girls” é a única que retorna a trabalhar com o rock de alguma maneira, porém é a pior do registro, marcada por um tom empoderado tosco e dolorosamente genérico.
O resto do álbum vai para caminhos que não se correlacionam, em faixas com pouca substância, que parecem uma réplica pouco animadora de trabalhos tanto do próprio grupo como de outros atos da SM. “Drift” por exemplo é a abordagem mais pálida do trap [EDM] de aespa, com alguns momentos que apelam para a abrasividade das texturas mas interferido por uma estrutura ruim marcada por drops EDM enfadonhos. “Count On Me” é uma exploração do território do R&B simpática, com uma sensibilidade melódica realmente boa, mas com pouco charme, principalmente pelas ideias musicais aqui serem totalmente genéricas. O único genuíno grande destaque é “Angel #48”, um dance-pop colorido com propostas refrescantes no catálogo do grupo, com seus sintetizadores borbulhantes, acompanhados do padrão de batida 2-step nos versos e o ritmo feliz e pulsante do refrão.
A gestão musical da SM, de uma forma geral, está em um de seus piores momentos recentemente, uma estagnação criativa forte, principalmente dentro do contexto do legado da empresa como produtora de alguns dos grupos mais inovadores no k-pop. O aespa, no passado, foi um projeto muito criativo e que se propôs a um experimentalismo de gênero dentro do pop coreano — principalmente no EP Savage —, mas olhar esses trabalhos anteriores das artistas e comparar com Rich Man, faz parecer um grupo totalmente diferente. O aespa está infelizmente se tornando gradativamente apenas um grupo que lança qualquer coisa disponível à elas com o intuito de manter as atividades constantes. É até como antítese do título do projeto, Rich Man, seu registro mais pobre musicalmente.
Selo: SM Entertainment
Formato: LP
Gênero: Música do Leste e Sudeste Asiático / K-Pop