
3/5
Fruto da união de Mabe Fratti e Hector Tosta (também conhecido como I. la Católica), a dupla Titanic vem se consolidando na vanguarda da música pop desde 2023. Quando lançaram Vidrio, receberam uma enxurrada de elogios por sua capacidade de adaptar sons e ideias díspares em um material que os fazia sentir como se estivessem criando algo novo, quase inédito. De fato, essa era a impressão daquele disco, e de alguma forma ressoa com HAGEN. A diferença, porém, é que aqui encontramos a dupla mais despojada do que nunca, utilizando estruturas ainda mais acessíveis e fazendo música sem grandes complicações, mesmo que sua motivação seja constantemente desafiada.
HAGEN é quase um resumo de suas intenções: há os vocais de Fratti, que rasgam o tecido, às vezes como gritos, às vezes como palavras ditas em velocidade crescente. Por outro lado, a composição instrumental mescla guitarras de art rock com cordas de jazz. São melodias construídas com uma certa disposição de correr contra o tempo. Em certos momentos, dedilhados de piano e sintetizadores industriais ditam o ritmo, como em “La trampa sale”, que serve como um precursor perfeito para “Alzando el trofeo”, que atinge o ápice das abstrações do álbum, aproximando Fratti e Tosta para criar uma unidade intrincada e poderosa. O mais interessante é que HAGEN evita distrações neste ponto, então não soa como se um estilo se sobrepusesse ao outro, sendo verdadeiramente um esforço colaborativo. E por isso, vale a pena se deleitar com sua jornada criativa.
Selo: Unheard of Hope
Formato: LP
Gênero: Experimental / Pop