Crítica | Breach


★★★★☆
4/5

Clancy não foi o encerramento do ciclo, havia mais após o clímax exibido em “Paladin Strait”, uma extensão que, finalmente, terminaria uma história de dez anos. O ponto mais importante a ser dito é que, definitivamente, não houve temor algum do duo em aplicar aspectos sonoros que agradam os fãs mais fervorosos, mesmo alguns estando bastante datados.

Um exemplo claro é a música “Downstairs”: um descarte do quase lost media Regional At Best que, por sugestão de Josh Dun, foi retrabalhada e colocada no álbum, despertando o lado nostálgico dos fãs mais antigos do grupo, enquanto “Intentions” – faixa que encerra o disco – utiliza o sample invertido de “Truce”, uma das músicas mais clássicas da discografia e com uma grande relevância para todos os aficionados de carteirinha.

É impressionante a capacidade de Tyler Joseph em se conectar com o público tão diretamente, tanto em suas letras, como nos visuais escolhidos nessa nova fase. Como já citado em minha review do Blurryface, é um dos principais motivos do sucesso do duo. Claro, há muito fanservice, principalmente se tratando da lore de Dema, mas é inegável o quanto essa ligação dá certo. Ele canta o que os fãs querem – e precisam – ouvir, em todas as situações possíveis.

Na sonoridade, Breach se torna o epicentro de tudo já produzido pelo grupo desde 2011, com poucas novidades em relação ao seus projetos antecessores. Houve uma imersão maior no alt rock já visto em Trench, e a manutenção das novidades sonoras de Clancy. O caminho mais desafiador apresentado aqui, é retratado por um leve flerte com o math rock em “Robot Voices” e “Center Mess”, algo nunca antes visto em seus discos. No mais, não há uma inovação tão evidente quanto a influência pós punk em Clancy e, principalmente, a falsa sensação de otimismo imposta por Scaled And Icy. É compreensível não haver um salto melódico grande, afinal, é um momento de saudação do que foi feito até aqui, e de expectativas pelas portas abertas que o duo deixou pelo caminho.

Dito isso, Breach é uma carta de amor. Seria fácil colocar um texto no twitter agradecendo pelo ciclo, prêmios e recordes que a banda conseguiu durante todos esses anos, porém, Twenty One Pilots retribuiu entregando um projeto épico e creditando seus fiéis admiradores no último ato da história de Dema. A espera por um novo material pode demorar, mas o alívio pela finalização de uma importante fase em alto nível deve ser aproveitado.

Selo: Fueled By Ramen
Formato: LP
Gênero: Rock / Alt Rock

Davi Landim

Meu nome é Davi, curso jornalismo e sou viciado em escrever sobre música. No Aquele Tuim, faço parte da curadoria de Rock.

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