
★★★☆☆
3/5
As faixas adicionais não são ruins, mas só de imaginar que as ouvimos no lugar de outras, as quais correspondiam muito bem à ideia e a todo o rollout de EUSEXUA, dá um gosto amargo, uma sensação de algo incompleto. E realmente está. “The Dare” é tão calma quanto plana, com baterias que prolongam o mesmo efeito trip hop usado em “Girl Feels Good”, mas sem a atmosfera mais ambiente que a faixa, uma das melhores que twigs já lançou, traz. “Got To Feel” no lugar de “Childlike Things” é a pior mudança: a música é divertida, tem percussões que encheriam Caribou de orgulho, mas não vai além disso. O destaque fica para “Striptease”, com Eartheater, que deveria estar no EUSEXUA como parceira creditada há tempos; ela tem tudo a ver com o que twigs busca transmitir de etéreo, provocando impressões quase transcendentes no conjunto de composições instrumentais e líricas do álbum.
“Lonely But Exciting Road”, a mais acessível, é o tipo de música noturna que serve de trilha para qualquer momento que instigue sentimento de liberdade. É a segunda melhor adição, pois consegue encerrar bem os dois EUSEXUAs, com um certo nível de apreensão pela sua estrutura mais comum. A faixa é bem conhecida dos fãs, foi apresentada ao vivo por twigs no desfile da Valentino em 2023 na semana de moda de Paris. Mas é impossível terminar de ouvir isso aqui e não correr para “Wanderlust” e suas cordas que introduzem com leveza o canto de twigs, que cresce aos poucos, até ganhar corpo – é de arrepiar toda vez. Há muita coisa para sentir falta aqui, para se confundir e, sobretudo, para se observar. No fim, é interessante como twigs se dispõe a fazer essas intervenções, testar formas distintas de prolongar uma era. Só torço pra que não vire moda, pois essa estratégia em mãos erradas (Taylor Swift) revelaria péssimos segredos.
Selo: Young
Formato: Relançamento
Gênero: Pop / Eletrônica