Crítica | If Only Love Was Enough


★★★☆☆
3/5

O primeiro álbum de Maleek Berry, If Only Love Was Enough, chegou em junho com 15 faixas e uma expectativa enorme. A proposta parecia ser mostrar um lado mais completo do artista, mas o resultado veio como uma extensão do que já conhecíamos dele. Maleek traz a mesma essência que o consagrou — melodias românticas, beats suaves e aquela assinatura entre o Afropop e o R&B — mas pouco se arrisca. Para um disco com muitas faixas, essa previsibilidade pesa e talvez funcionasse melhor se fosse um EP ou singles soltos, como ele costuma lançar.

Ainda assim, há pontos altos, como por exemplo em “Lately”, com Ruger, que traz refrão marcante e energia alta. “Onyeoma” surpreende ao misturar referências e sair do lugar-comum, e “To the Morning” flerta com reggae e dancehall de forma leve, embora pudesse ganhar mais vida com um grande feat do gênero. “Turning Up” se volta para o R&B de forma direta, lembrando produções de nomes como Jeremih e Ty Dolla $ign.

As participações também carregam o álbum como na faixa que Wizkid participa “Situation” que a transforma na segunda mais ouvida do projeto. Zlatan, em “Biggie Man”, adiciona nuances vocais intensas, enquanto Tiwa Savage brilha em “4 My Body”, um R&B romântico com clima saudosista. O disco é majoritariamente autoproduzido por Maleek, com suporte da dupla Legendury Beatz, o que garante consistência sonora, mas sem aquele tom que poderia elevá-lo a outro patamar.

O projeto mistura influências do Afropop dos anos 2000, R&B, dancehall e percussões africanas, resistindo a modas passageiras como o amapiano — uma escolha consciente de manter identidade. Só que, ao contrário do impacto estrondoso de “Kontrol” (2016), não há nenhuma faixa comercial que empurre o disco para além da bolha fiel do artista.

Por fim, If Only Love Was Enough mostra por que Maleek Berry é um nome aclamado no afrobeats, mas também deixa claro como esse debut poderia estar em uma colocação bem abaixo do esperado para o peso que seu nome carrega. Eu como adoradora assídua de lados B de artistas em geral, apostaria muito na faixa “Make It Right”, penúltima do álbum. Pois senti algo que poderia dar certo em um possível destaque.

Selo: Berry’s Room
Formato: LP
Gênero: Música do Continente Africano / Afrobeats

Viviane Costa

Graduanda em Jornalismo, apaixonada por Música, Arte e Cultura. Integra a curadoria de Rap e Hip Hop do Aquele Tuim.

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