Crítica | Olayemi


★★★★☆
4/5

Fido estreia com seu EP Olayemi, lançado no meio do ano. Com oito faixas, sua abertura em “Dollarpor”, mistura inglês e iorubá de forma fascinante, revelando o lado mais progressivo e inovador do projeto, deixando a curiosidade em alta para o que vem depois.

O título do EP, que também é o nome verdadeiro do artista, significa “riqueza me pertence”. Essa ideia atravessa todo o trabalho, que vai desde a ascensão de Fido — marcada pelo sucesso do single “Awolowo”, em 2024 — até sua ambição global declarada em entrevistas: “Meu objetivo é internacionalizar meu som, representando-nos em um cenário global. Quero ser um bom exemplo para o gênero, tanto local quanto mundialmente.”

Musicalmente, o disco é um passeio pelo Afrofusion, puramente combinando elementos do Fuji com pop contemporâneo, e incorporando influências modernas de R&B e até do dancehall. Faixas como “Boko” , por exemplo, destacam essa diversidade. Enquanto “Money Moves” é carregada de melodia e técnicas que mostram certa maturidade musical mesmo Fido sendo um novato na cena do afrobeats.

Joy Is Coming”, o primeiro single lançado no fim de dezembro, é a faixa mais forte do EP, acumulando números impressionantes de streaming e ainda retornando no encerramento com uma versão em parceria com Kizz Daniel — movimento que dá ao projeto uma camada extra de legitimidade dentro da cena, pelo impacto de Daniel. Mas o ponto pessoal da minha audição vai para “I miss you die”, que traz uma baladinha R&B envolvente e intimista em uma sonoridade com “um quê” diferente das outras faixas.

Se muitos o comparam a Wande Coal, eu acredito fortemente que a semelhança se encontra mais nas influências tradicionais nigerianas e nos flertes com R&B, mas Fido sabe construir seu próprio caminho, e ele inova ao trazer frescor e experimentalidade para o afrobeats, sem cair em fórmulas já saturadas. Olayemi é um disco que enfatiza expressivamente Fido como um talento com grande potencial para deixar sua marca tanto na Nigéria quanto no cenário global, é apenas uma questão de tempo.

Selo: Oosha Records / EMPIRE
Formato: EP
Gênero: Música do Continente Africano / Afrobeats
Viviane Costa

Graduanda em Jornalismo, apaixonada por Música, Arte e Cultura. Integra a curadoria de Rap e Hip Hop do Aquele Tuim.

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