Crítica | SISTER


★★★★☆
4/5

Frost Children se destacou no cenário do pop eletrônico underground por uma visão do electropop que tomava para si referências do electro-house e do electroclash em sua forma mais maximalista e descontraída, em uma ótica que mesclava com o hyperpop para potencializar o caráter abrasivo, algumas vezes agressivo, e despojado. SISTER, nesse sentido, continua em uma linha similar em mais uma afirmação do potencial da dupla no trabalho com o EDM a partir dessas características.

SISTER tem uma aproximação do electro-house ainda mais forte que seus registros anteriores. O disco está totalmente inserido a uma abordagem que esteve em alta recentemente por meio de diversos artistas da cena electropop mais alternativa, cujo resgate da música dance eletrônica do final dos anos 2000 e início dos 2010 partiu de uma perspectiva mais inventiva e despojada, traçando paralelos com o bloghouse, movimento desse período. Frost Children já havia pavimentado seu próprio caminho para executar o que eles fizeram nesse disco, com SPEED RUN, de 2023, no entanto, enquanto nesse álbum lançado há 2 anos havia um forte flerte com o hyperpop, seu novo esforço artístico é ainda mais próximo, de fato, ao EDM da década passada.

Acredito que a mistura do maximalismo futurista do hyperpop e as influências do bubblegum bass, junto à essa cena remetente aos anos 2010, era uma exploração levemente mais cativante, no entanto, SISTER não fica muito para trás reafirmando o que torna a arte de Frost Children tão divertida. O caráter maximalista, os timbres ruidosos e o tom despojado ainda estão aqui, só que com muita força. Esses aspectos funcionam ao tornar elementos base do electro-house que às vezes se vê exaustivamente na música pop, principalmente mainstream, refrescantes e animadores. É o que acontece nas primeiras duas canções, “Position Famous” e “Falling”, em que melodias comuns do festival progressive house são elevadas a um caráter efetivamente revigorante pela densidade de suas camadas de sintetizadores barulhentos. “CONTROL” soa muito afiada com sua agressividade alinhada à natureza pulsante de seu ritmo. “RADIO” é outro destaque pelos drops com eletrônicos distorcidos e um som agudo estridente. Do início ao fim, Frost Children entrega eletrônica animada e instigante que tem o nível de energia perfeito para convidar o ouvinte a dançar loucamente em canções bastante descontraídas.

Selo: Dirty Hit, True Panther
Formato: LP
Gênero: Pop / Eletrônica

Davi Bittencourt

Davi Bittencourt, nascido na capital do Rio de Janeiro em 2006, estudante de direito, contribuo como redator para os sites Aquele Tuim e SoundX. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Música do Leste e Sudeste Asiático, Pop e R&B.

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