Crítica | Cara Ideal


★★☆☆☆
2/5

Um artista masculino no pop brasileiro é difícil de se achar, ainda mais num campo onde os maiores nomes são Jão e Pedro Sampaio – que, sendo sincero, deviam influenciar as pessoas a não serem como eles. Lucas Pretti é um cantor e ator que nasceu em Minas Gerais e lançou, nesta semana, o seu disco de estreia: o intitulado Cara Ideal. Numa vibe como o pop masculino internacional, é bem visível ver as influências de Harry Styles e Conan Gray em sua sonoridade – aquele pop sutil até demais, mas com uma brasilidade – e até como o mineiro se porta em suas composições. Em um álbum que, com nove faixas, experimenta de tudo e, no fim, acrescenta nada.

Enquanto “Falo e Desfalo” tenta ser uma versão masculina de “Numa Ilha” da Marina Sena, “Safado” traz o DJ Gabriel do Borel na produção para tentar deixar o ritmo em batidas simples e básicas de um pseudofunk. “Devo Me Odiar”, mesmo que com uma letra genérica sobre um ódio próprio – só faltou ele cantar “sou eu, oi, eu sou o problema, sou eu” –, é uma das faixas que mais consegue extrair uma boa musicalidade do jovem. Cara Ideal não exprime nada de ideal – ainda mais o ideal para ser um bom disco. As nove canções são tão superficiais que nada tem uma fixação verdadeira, é descartável e falso. A voz do Pretti é um bom ponto nas faixas, mas do que adianta cantar bem se as músicas que você canta são ruins? Acredito que, por ser ainda o começo, o jovem possa evoluir com o tempo, só que se continuar preso em algo plastificado, não vai conseguir se estabelecer e vai virar mais um no meio de muitos.

Selo: Independente
Formato: LP
Gênero: Pop
João Vitor

20 anos, nascido no interior da Bahia e graduando em Ciências da Computação. Faz parte das curadorias de Música do Leste e Sudeste Asiático no site Aquele Tuim.

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