
Disco escolhido pelo editor
Durante todos os meses, uma curadoria interna será realizada por um de nossos editores com a intenção de escolher o melhor disco lançado naquele período.
Baby, Dijon
Há uma saturação muito específica – sobretudo em trabalhos masculinos – em torno do R&B contemporâneo, perceptível em diversos lançamentos recentes, como os de GIVĒON, Leon Bridges, Daniel Caesar e outros. É como se houvesse um receio constante de desestabilizar o que já foi construído no gênero, o que torna suas abordagens não apenas conservadoras, mas também estáticas, paradas no tempo. É justamente por isso que Baby de Dijon se destaca absurdamente, tanto no cenário a que pertence quanto na própria música. O disco não teme mastigar todo o repertório do R&B, explorando desde os instrumentais cortantes e sintetizadores secos e diretos até as letras, que assumem uma breguice assumida, uma exposição da paixão e dos sentimentos humanos e carnais, sem recorrer a meios-termos. Dijon, acima de tudo, mostra que ainda existe força narrativa entre os homens no gênero, e que, mais do que sensualizar ou apenas propagar suas confusões pessoais, é possível criar caminhos inéditos, ousados, que os outros ao redor dificilmente ousariam trilhar.