
★★★☆☆
3/5
3/5
Lançar um primeiro disco dentro do afrobeats hoje é quase uma maratona: a disputa por atenção é intensa e o público tende a se encantar por outros formatos mais soltos do que por projetos inteiros. Ainda assim, FOLA decidiu apostar em Catharsis, seu álbum de estreia com 11 faixas, mergulhando de cabeça em um universo que equilibra o que há de mais popular no afropop nigeriano com nuances de R&B e toques da cultura iorubá que ele traz tanto na voz quanto nas melodias.
Um disco que se move entre o dançante e o vulnerável, com batidas que vão do mid-tempo R&B aos tambores de log drum e torna evidente nas sete primeiras faixas um ritmo constante, ancorado pelo Konto e pelo dancehall, como se FOLA ainda estivesse construindo o terreno. É um álbum que fala muito sobre amor, romance e desejo sejam eles advindos de diversos lugares — quase como um diário de um jovem aventureiro na busca de equilíbrio entre ambição e afeto.
Entre os destaques, “Golibe”, com participação de Victony, é facilmente uma das faixas mais carismáticas do disco. Leve e dançante, ela cresce na troca de vocais entre os dois, contrastes que se completam e dão corpo à faixa, reforçando a química entre estilos diferentes dentro do mesmo universo sonoro. Já “You”, o segundo single, traz uma abordagem mais minimalista e moderna do afrobeats. É uma daquelas faixas que se encaixam bem em qualquer playlist: direta, com boa produção, e com letras que refletem o anseio de FOLA por uma conexão genuína — alguém com quem ele possa voltar pra casa depois de um dia longo.
Mas é em “It’s Going” que o disco encontra seu momento mais interessante. Afro-pop de ritmo médio, a faixa funciona como um epílogo para o projeto. É o tipo de encerramento que amarra bem a jornada emocional de Catharsis, encerrando com entusiasmo e propósito. Dá vontade de pensar que, se essa energia tivesse se mantido por todo o álbum, a experiência de ouvi-lo seria mais marcante.
Apesar de Catharsis ter números impressionantes e impulsionar FOLA como mais uma voz promissora do afrobeats nigeriano, o disco não chega a me surpreender. Existem momentos baixos, introspectivos, que destoam muito, e se perdem facilmente e, mesmo com a entrega vocal e a boa construção de letras, a sensação é de que ele ainda está seguro demais. Tenho sentido que dentro do gênero, lançar faixas avulsas costuma impressionar mais do que tentar manter um álbum esteticamente ambicioso e atrativo. O afrobeats já evolui de forma orgânica dentro de si mesmo, mas ainda assim sinto falta de algo que fuja da fórmula, que arrisque mais.
Selo: Dangbana Republik
Formato: LP
Gênero: Música do Continente Africano / Afrobeats