Você precisa ouvir “Despacha”, de Melly.


Em “Despacha”, Melly utiliza o ritmo da diáspora africana como esquenta para o seu segundo disco da carreira.

O amor que não te faz bem, o emprego infeliz e as pessoas ruins que nos cercam; o que fazer com elas? Para Melly, despache! Após um ano de lançamento do seu primeiro disco, Amaríssima, a cantora baiana retorna para descarregar as energias ruins que se fazem presente no cotidiano na faixa “Despacha”, recente trabalho que possui influências do ritmo candomblecista Ijexá.

Na faixa, Melly canta a música como um mantra de libertação (‘Despacha, despacha / Aquele amor que precisava acabar / Despacha, despacha / O medo que te mantém no mesmo lugar”) e isso se intensifica não apenas com a voz sussurrada e suave da artista, mas com a escolha histórica e religiosa de utilizar Ijexá – mais “popificado” – como estrela guia do single.

O ritmo é conhecido por ser tocado para quase todos os orixás, com o objetivo de esfriá-los, apresentando um toque frio e suave. Como disse o percussionista Ogan Totó Cruz ao site Terra: “Nós cantamos para esfriar orixá. Nada é aleatório, tudo tem sua hora e porquê no candomblé”, frase que vai direto ao ponto central do que a cantora discute (“Tem certas coisas que não dá pra controlar”). Dessa forma, Melly não canta apenas para se libertar, mas pede, religiosamente, que tudo aquilo seja retirado de sua vida.

Como em seu trabalho antecessor, Melly consegue misturar ritmos e gêneros de raízes afro-brasileiras com o que há de popular no mercado musical nacional, o que a torna uma das artistas mais autênticas dentro do espectro do pop e do R&B. Apesar de não termos data de estreia para o próximo disco, já podemos desfrutar um gostinho do que esperar da artista a partir do ano que vem.

Lu Melo

Estudante de Jornalismo, 18 anos. Amante da música e da cultura pop desde a infância. Escreve para o Aquele Tuim, integrando a curadoria de R&B e Soul.

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