Crítica | Everybody Scream


★★☆☆☆
2/5

O lançamento de Everybody Scream próximo ao Halloween não é à toa. Há muito, o projeto Florence + the Machine provoca no público a ideia de que está descolado do pop e de que sua vocalista, Florence, é a representante das bruxas que não foram mortas. É curioso, porque essa proposta – que não chega a ser um conceito, nem um caminho pelo qual se busca efetivar algo que rompa com qualquer coisa parecida – não passa da mesma coisa de sempre. Esse misticismo, branco, soa como uma alegoria feita apenas para ser ambientada no Halloween. Faz até sentido, por isso, que haja aqui uma constante reafirmação, ou apenas uma reciclagem barata, de tudo o que o projeto já havia explorado no passado. Você provavelmente já ouviu todas as músicas, mesmo sem precisar dar o play.

É difícil saber o que é pior: a previsibilidade ou o fato de se apoiar em temas e construir uma narrativa que não só é batida, como também ineficaz para além do que expõe. O som, as letras, que apelam para questões mentais, inclusive, não são de todo ruins, mas tudo parece convergir para a necessidade de provocar uma sensação, um sentido de catarse, uma vontade de impressionar apenas por impressionar. Por isso, soa oco e, em muitos momentos, sem vida. Engraçado isso, pois 2025 tem sido um ano cheio de álbuns que operam nessa lógica e, em todos os exemplos, de Maruja a Quadeca, o que se vê é uma ampla aclamação da crítica e do público a esses trabalhos. Me questiono se, atualmente, é tão fácil assim de se convencer, já que as pessoas parecem perder a noção do que realmente estão ouvindo, ainda mais se pensarmos no fato de que no próximo mês ninguém vai se lembrar deste e de tantos outros álbuns.

Selo: Polydor, Republic
Formato: LP
Gênero: Pop / Rock

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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