Crítica | FEMME FATALE


★★★★★
5/5

Mon Laferte sempre se destacou por trabalhar com referências ricas a gêneros latino-hispânicos, se firmando como um dos nomes atuais da música pop latino-americana mais fortes e inventivos. Em seu novo registro, FEMME FATALE, a cantora surge com uma nova ótica para sua carreira na música neste espaço, se aprofundando nas águas do canción melódica, um estilo pop com composição de grande foco no aspecto sentimental, que tem sonoridade inspirada em diversos ritmos regionais, como cuplé, bolero e copla, que teve seu desenvolvimento na primeira metade do século XX.

E, aqui, Mon Laferte tem certa maestria em evocar os melhores aspectos do gênero referenciado. O ponto central do estilo, seu tom fortemente sentimental, é executado a partir da performance vocal da artista, que manifesta fortes emoções com uma interpretação sofisticada e que torna poderosos os sentimentos da parte lírica, a qual suas composições viajam por temas como amor, sensualidade e empoderamento. A voz de Mon Laferte carrega o uso de técnicas similares às de vocalistas de jazz, o que potencializa as emoções apresentadas – com uma aproximação ao vocal jazz em diferentes momentos, não só evidente no estilo de registro vocal, mas também na instrumentação.

Isso é uma qualidade que se conecta com outro ponto muito curioso que FEMME FATALE incorpora à sua abordagem musical: traz referências que dialogam perfeitamente com o cenário da canción melódica. São aspectos musicais que bebem da fonte de gêneros que estavam em auge no mesmo período do estilo de música pop latina (como o soul) e, eventualmente, sensibilidades de ritmos regionais, criando um disco que mergulha o ouvinte no legado da música pop latina na era da canción melódica e em todo o seu plano de fundo. É um disco que reafirma o excelente conhecimento de Mon Laferte sobre a música latina, e que demonstra excelência ao incorporar as cenas musicais que ela toma como inspiração.

Selo: Sony Music Latin
Formato: LP
Gênero: Pop / Canción Melódica

Davi Bittencourt

Davi Bittencourt, nascido na capital do Rio de Janeiro em 2006, estudante de direito, contribuo como redator para os sites Aquele Tuim e SoundX. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Música do Leste e Sudeste Asiático, Pop e R&B.

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