Crítica | What Happened to the Beach?


★★★☆☆
3/5

Declan McKenna, em seu novo álbum, mostra um declínio em relação aos seus dois primeiros projetos. Em What Happened to the Beach?, o artista busca conectar-se com a neo-psychedelia. Em grande parte, é uma experiência satisfatória; no entanto, o álbum peca com canções que passam despercebidas, sendo fácil de se perder nelas. Para os amantes de What Do You Think About the Car? e Zeros, What Happened to the Beach certamente parece totalmente deslocado do que McKenna buscava explorar. As músicas não conseguem capturar a atenção do público da mesma forma e carecem daquele fio viciante que tornou os trabalhos anteriores de McKenna tão interessantes.

Diante disso, o artista explora meios de expandir a consciência e a espiritualidade através de vocais profundos e distorcidos, os quais se conectam com uma fusão de batidas e sintetizadores que se adequam a mudanças sutis e drásticas, adicionando um dinamismo ao álbum – que nesse caso, não acarreta em sua totalidade.

O álbum em si foca em mostrar os altos e baixos do trabalho artístico de McKenna, assim como apontado no verso de "Nothing Works": “You tell me I don’t relate to kids no more / Now, I feel like I’m letting them down / What’s the point runnin’? / Not like I’m up-and-comin’ anymore”. Além disso, o álbum fala da nostalgia, da mudança e a sensação de isolamento, enquanto Declan busca entender o que aconteceu com o lugar que costumava ser seu refúgio, mas que agora foi transformado pela vida moderna e pela passagem do tempo: “what happened to the beach? / 'cause life's really changing”

O disco também possui momentos interessantes que facilmente se conectam com o ouvinte, como "Elevator Hum", que se encarrega pela busca por conexão e compreensão mútua, enquanto os desafios internos e externos são confrontados. Mesmo diante das diferenças superficiais, há uma essência em comum pela busca da liberdade e da felicidade; "Sympathy" questiona incessantemente a competição e o destaque, enquanto "Mulholland's Dinner and Wine" narra uma dualidade entre a monotonia da vida cotidiana e a tentação de se entregar às experiências, representando um conflito entre desejo, estabilidade e a necessidade de aventura — essas são canções que de certa forma deram uma visão distorcida do caminho que esse novo material iria seguir.

Para além dessas canções destacadas anteriormente, apenas “I Write The News” e “The Phantom Buzz” conseguem trazer a essência musical de McKenna diante da sua clareza e maturidade. Por outro lado, faixas como “Breath Of Light”, “Honest Test”, “Mezzanine”, “It’s An Act” e “4 More Years”, soam desinteressantes, parecem fórmulas predefinidas que resultam em um som homogêneo e apático. A tentativa de McKenna de entregar novas experiências de certa forma refletiu no álbum; às vezes é bom sair da zona de conforto, para explorar novas possibilidades, mas isso não significa que tal mudança irá agradar alguns ao longo do caminho.

Selo: Columbia
Formato: LP
Gênero: Pop / Rock
Brinatti

Graduando em Ciências Sociais, com ênfase em Antropologia e Sociologia, 27 anos. É editor e repórter do Aquele Tuim, em que faz parte das curadorias de MPB, Pós-MPB, Música Brasileira e Pop.

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