Crítica | Jaloo em 3 Eras



★★★★☆
4/5

Após o lançamento de seu terceiro álbum — um dos melhores trabalhos nacionais de 2023 — Jaloo se aventurou em todas as suas eras na Audio em São Paulo, proporcionando o maior espetáculo de sua carreira até o momento. O show foi dividido em três atos, cada um representando uma era de seu trabalho solo, tornando o evento em um grande espetáculo. A artista fez questão de apresentar ao vivo todas as músicas de cada álbum, com exceção da era em que trabalhou na banda Os Amantes.

Ato 1

A noite começou com um DJ set de abertura, e o primeiro ato estava previsto para começar às 23 horas. Embora tenha havido um pequeno atraso, os fãs não se importaram, pois a seleção musical combinava perfeitamente com a essência artística de Jaloo, incluindo faixas de artistas como Robyn e Charli XCX.

Jaloo finalmente subiu ao palco, caracterizada com o visual marcante de sua primeira era, e apresentou todas as músicas de seu incrível álbum de estreia, #1, de 2015. Também não deixou de fora a faixa instrumental "Fluxo", realçada pela coreografia de suas impressionantes bailarinas. Além disso, emocionou o público com seu cover de "Oblivion", de Grimes, música que fez Jaloo ficar conhecida pelo mashup que ela criou na época.


Ato 2

Após um intervalo com DJ set, o segundo ato teve início com a era "ft", de 2019, destacando-se por um jogo de luzes que avivou o visual apresentado na capa de seu segundo álbum. No entanto, foi revelado ao final que quem estava no palco era um impersonator dublando enquanto Jaloo cantava ao fundo, surpreendendo a plateia com uma inteligente brincadeira.

O momento mais bonito da noite ocorreu durante a performance de "Say Goodbye", quando o público cantou o refrão linha por linha, deixando Jaloo emocionada pelo carinho e paixão de seus fãs, em uma de suas composições mais marcantes.

O segundo ato continuou a surpreender com a presença de Gaby Amarantos, que estava presente no mezanino. Embora inicialmente parecesse apenas uma espectadora, acabou participando do show com o dueto da música "Q.S.A". A performance aconteceu de um jeito inesperado e criativo, Gaby não cantou ao lado de Jaloo, o dueto aconteceu com ela cantando do mezanino enquanto Jaloo continuava presente no palco.


E por falar em dueto, claro que não poderia faltar a presença de Mc Tha, que se juntou a Jaloo para interpretar duas músicas juntas. A química entre as duas artistas foi evidente, especialmente durante a performance de "Céu Azul", que culminou em um momento de carinho e amizade entre elas.

Ato 3

O terceiro ato, que estava previsto para começar à 1h da manhã, teve um atraso de mais de uma hora. Embora a seleção musical do DJ tenha sido bem recebida pelo público, muitos já estavam cansados devido aos longos intervalos.

Jaloo entrou em cena caracterizada com o visual de seu álbum "MAU", lançado em 2023, e iniciou a apresentação com a poderosa "Ocitocina", acompanhado por sua banda e dançarinas. Um dos momentos mais divertidos da noite foi durante a animada "Phonk-me", em que Jaloo e suas dançarinas hipnotizaram a plateia com suas coreografias envolventes.

Embora o show devesse terminar com "Quero te ver gozar", o público clamava por uma música da era da banda Os Amantes — um dos projetos mais subestimados da música brasileira. Jaloo então surpreendeu a todos ao incluir a cativante "Cotijuba" na setlist, deixando os fãs satisfeitos.

Fiquei extremamente contente em ver um artista independente lotar uma casa de shows em São Paulo, proporcionando um evento inesquecível para os fãs de Jaloo. Foi uma noite divertida, bonita e nostálgica, celebrando toda a sua carreira e confirmando seu lugar como uma das artistas mais interessantes da música brasileira. No entanto, os longos intervalos entre os atos deixaram parte do público cansado. Entendo que pausas são necessárias em grandes espetáculos, mas, considerando que era um show em pé, intervalos mais curtos seriam mais adequados. Ainda assim, cada centavo investido no evento valeu a pena.

Vit

Sou a Vit, apaixonada pelo universo musical desde que me entendo por gente, especialmente por vocais femininos. Editora e repórter no Aquele Tuim, onde faço parte das curadorias de Pop, MPB, Pós-MPB e Música Brasileira.

Postagem Anterior Próxima Postagem