Crítica | Underdressed at the Symphony


★★☆☆☆
2/5

Faye Webster, em seu terceiro álbum, Underdressed at the Symphony, segue um caminho diferente do determinado pelo seu antecessor, I Know I'm Funny haha, de 2021. Ao contrário do antigo, cujas produções são caracterizadas por melodias densas e apaixonantes de alt-country e folk, este novo disco é mais inteirado no soft rock e no indie pop, gêneros dos quais ela nunca trabalhou anteriormente. Webster, nesse projeto, nos conduz por uma adorável sinfonia, orquestrada por toques incisivos de piano, batidas de bateria, arranjos de guitarra e entre outros, estando, por sua parte, mais vulnerável; nos viabilizando, assim, um atalho até o íntimo de seu ser, que se revela mais identificável e consueto do que poderíamos ter imaginado.

Esse novo direcionamento pelo qual decidiu prosseguir ajudou Webster a chegar em lugares antes desconhecidos e se aperfeiçoar musicalmente. Ademais, ajudou a elucidar a proposta que redigiu para esse projeto em particular: a de mostrar quem Faye é e como vive enquanto uma artista contente com sua vida, mas ainda um pouco insegura na tomada de passos importantes. Underdressed at the Symphony é uma exibição encantadora da rotina estruturada pelo jovem contemporâneo na atualidade, que de vez ou outra se preocupa com os prováveis fins que o início de um relacionamento íntimo podem tomar (“But Not Kiss”), fica ansioso com coisas das quais não tem controle (“Wanna Quit All The Time”) e comemora os mais singelos sinais de reciprocidade amorosa (“He Loves Me Yeah!”), porém, apesar de todas as dificuldades, ainda consegue se manter esperançoso com o futuro e satisfeito com o presente.

No entanto, seu desconhecimento e, principalmente, inexperiência no soft rock e indie pop a fizeram recorrer à utilização de modelos muito usuais desses gêneros, fazendo-a perder um pouco de sua autenticidade. E, por mais que saibamos que o trabalho simples e direto na discussão de seu dia a dia tenha sido uma escolha consciente feita por Webster, é inegável o fato de que isso fez com que o álbum ficasse muito trivial. “Feeling Good Today”, último single lançado, é uma rasa, e, consequentemente, dispensável, canção sobre estar animada para visitar seu irmão e sua nova namorada. Por mais que esse conceito possa parecer algo fascinante para a compositora, é extremamente entediante para quem ouve. E “Thinking About You”, mais do que uma instrumentação deslumbrante, também tangencia camadas muito superficiais em sua composição, que dessa vez discorre sobre o amor e paixão — sentimentos estes complexos, merecedores de um desenvolvimento melhor. O pior de tudo é que a música conta com apenas dois versos curtos separando repetições exacerbadas de um refrão cansativo por longos e intermináveis seis minutos de duração.

Underdressed at the Symphony, sem a menor sombra de dúvida, é o pior e mais inconsistente trabalho já feito por Webster, no entanto, felizmente, demonstra grande potencial que ela possui dentro de outros gêneros ao não ser o country. Portanto, acaba por não ser completamente decepcionante. No entanto, espera-se que a cantora retome as boas práticas e volte a criar canções únicas e estupendas como as de seus antigos registros, pois essa caminho que decidiu seguir se provou um grande beco sem saída.

Selo: Secretly Canadian
Formato: LP
Gênero: Rock / Soft Rock, Indie Rock
Bruno do Nascimento

Sou Bruno, tenho 18 anos, sou autista, paraibano, escritor e estou terminando o Ensino Médio. Amo escrever e comentar sobre música onde passo, inclusive no Aquele Tuim, em que faço parte da curadoria de Música Brasileira e Pop.

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