Crítica | Hot Hits


★☆☆☆☆
1/5

Em 2024, roro fez sua estreia com 2 Heaven, em que nos mostrou um pouco da sua identidade sonora, mas que foi ofuscada pelas suas referências. Mesmo com esse infortúnio, ele conseguiu angariar ouvintes e, aproveitando esse embalo, lançou o single “100X100”, o primeiro do EP Hot Hits, que seguiu a mesma linha de seus trabalhos anteriores, com um destaque maior para o gênero deconstructed club. Após o lançamento do EP, a faixa ainda se mantém como um dos pontos altos do projeto.

O trabalho se aprofunda mais em sons eletrônicos. O uso exagerado desses elementos poderia até ser estético, mas, na prática, roro recorre a batidas e progressões bastante genéricas – e previsíveis – o que faz do EP, de modo geral, um trabalho esquecível.

Porém, existem exceções. A faixa-título, “Hot Hits”, é uma faca de dois gumes: por um lado, é uma ótima faixa de abertura, trazendo uma maior variedade de elementos e cativando o ouvinte a seguir ouvindo o restante. Por outro lado, ela acaba enganando, dando a impressão de que o caminho trilhado pelo EP será composto por músicas com uma experiência mais enriquecedora, com uma extrapolação de criatividade — especialmente considerando o seu primeiro EP. A expectativa era de que o artista misturasse os frutos do seu trabalho anterior com propostas novas, mas isso não acontece.

Na minha percepção, roro segue a mesma linha de artistas como Ayesha Erotica, que não se preocupam tanto com profundidade lírica — e arrisco até dizer que sonora. O objetivo parece ser criar músicas descontraídas e despretensiosas. No entanto, para que esse tipo de trabalho se destaque, é preciso haver uma compensação por esses pontos, seja por meio de um refrão chiclete ou de uma ideia criativa que chame atenção. Mas Hot Hits falha nisso. A causa disso pode estar no fato de que o trabalho segue uma linha reta, e as transições entre as faixas, quando não abruptas, acabam mantendo uma sequência sonora muito similar.

Ao longo do EP, encontramos músicas que parecem sombras incompletas do que o trabalho poderia ter sido. Há o refrão chiclete de “Dolce&”; o uso criativo de efeitos de voz e a brincadeira com o tempo dos elementos em “Faux”, além da abordagem diferenciada no uso de batidas marcadas em “La-Ur-Ar”.

É complicado ver um artista com apenas dois trabalhos mantendo um nível questionável, mesmo que o seu primeiro álbum tenha sido quase uma cópia de artistas como SOPHIE e Arca, mas sem o carisma e a criatividade de ambas. Pelo menos 2 Heaven foi um amontoado de canções que, ao ser ouvido, transmitia uma certa qualidade. Talvez a identidade sonora de roro não seja tão interessante quanto se imaginava.

Selo: Independente
Formato: EP
Gênero: Pop / Pop Latino, Deconstructed Club

Antonio Rivers

Me chamo Antonio Rivers, graduando em História, amazonense nascido em 2006. Faço parte do Aquele Tuim, nas curadorias de Experimental, Eletrônica, R&B e Soul.

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