Crítica | Hometown Girl


★★★☆☆
3/5

Nos instantes iniciais de Hometown Girl, nota-se como cada acorde, dedilhado ou simples toque instrumental — orgânico por natureza — parece ir e vir numa simplicidade que transcende a urgência de soar próximo aos nossos ouvidos. Aqui, esses instrumentais aderem a uma atmosfera de vazio e de eco, sendo tocados como se estivessem livres tanto de um segmento maior de composição quanto de um ritmo definido.

Aproxima-se, assim, da música ambiente: não é como se tudo estivesse sendo tocado para nós, mas como se estivéssemos ouvindo essa apresentação vindo de um quarto ao lado, como penetras. Isso funciona muito bem, pois imprime uma delicadeza e uma sensação de conforto. Essa é, na verdade, a maior força de U.e enquanto projeto dedicado a mostrar mais do que um som retilíneo, feito em estúdio e mixado para se adequar e parecer, de certa forma, fácil de ser apreciado.

Ainda que, como citado anteriormente, seja confortável muito pelas sensações que evoca, Hometown Girl é um disco que foge da modéstia de intenção e da projeção de suas ideias. Tudo que aqui existe já é o bastante para que U.e chegue ao patamar de evidência e autossuficiência, como se o que compusesse com a liberdade de criar atmosferas, fosse o necessário — também o mais profundo que pode atingir — para expor fragmentos vocais e harmonizações eletrônicas, que são evidentes na criação de texturas mais chamativas, como é o caso em “Froggy Explorer” e “Night Loop”.

Selo: 28912
Formato: LP
Gênero: Experimental / Música Ambiente, Jazz

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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