
3/5
Liminal States, álbum póstumo do pioneiro de música eletrônica Peter Rehberg, que faleceu em 2021, não teme expandir para o nada, para o vazio deixado por seu autor na música. Composto por uma longa gravação que mistura drones etéreos e música ambiente com choques de eletrônica barulhenta, o disco é uma efusão completa dos signos que o artista mantinha quando vivo.
E talvez esse seja seu maior triunfo. Liminal States não vai além do que Peter fez em vida, primeiro porque está contido em suas maiores marcas. O que não predispõe, por assim dizer, que seu valor não seja redobrado considerando o contexto de morte – uma temática que, na interpretação de quem o ouve, o disco pode facilmente adotar.
E se o faz, está correto. Não que o drone, que aqui pende pouco para um minimalismo estilo Kali Malone, seja mórbido ou mesmo instigue afetos de morte, luto e coisas do tipo. Seus tons frios, especialmente após os 40 minutos de duração, vão aos poucos diminuindo a intensidade, até sumirem de vez, num último adeus, num último suspiro da arte de alguém que, por muito tempo, manteve o hábito da imposição de significados a esses suspiros longos, repetitivos e que causam estranheza mesmo aos acostumados.
Selo: Editions Mego
Formato: LP
Gênero: Experimental / Música Ambiente, Drone