Crítica | Phantom


★★★☆☆
3/5

Phantom, do produtor de Tóquio T5UMUT5UMU, poderia ser apenas mais um disco de música eletrônica cuja diversidade sonora e ideias de composição se inclinam a uma espécie de homenagem aos nomes que tornaram o gênero um marco disruptivo de escalas, timbres e texturas no passado — se não fosse genuíno em sua proposta de percorrer o mito do tempo, colidir narrativas civilizatórias e adotar representações distantes do contexto ocidental no qual a música eletrônica se consolidou.

O que realmente chama atenção, porém, são os resultados estéticos que T5UMUT5UMU alcança ao atravessar essa avalanche de sons ecléticos: uma constante inclinação ao hard drum, que condensa colagens ambientais — como na abertura selvagem “Mythical Crow” —, dispensando qualquer aviso sobre onde vamos chegar e por que o caminho seguido recorre tanto a elementos mais secos, de certa forma pouco profundos em seu deslocamento.

É como se estivéssemos diante de uma eletrônica feita para o mainstream, mas que se recusa a abandonar suas raízes ao tentar soar mais estranha. É o caso da sequência “Phantom” e “Nights”, esta última uma verdadeira artilharia de batalha futurista: disparos, lasers, ritmo incessante. Ambas resumem bem a infinidade de elementos que T5UMUT5UMU constrói — ainda que, por vezes, tente ser moderado sem necessidade, consciente de que, mais do que abarcar um caminhão de sons, é preciso saber organizá-los — ou ao menos tentar.

Selo: USI KUVO
Formato: LP
Gênero: Eletrônica / Hard Drum

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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