
3/5
A coisa mais interessante que envolve o quarteto Model/Actriz é, de longe, sua narrativa gay inteligente (“I met a guy in Copenhagen / He was gay, but had a girlfriend”). Seu som, apesar de contar com construções atípicas, apoios instrumentais que contrastam tons e brincam com a ideia de ser punk e rockista o suficiente pra ser rebelde, ocupa um segundo lugar nesta tabela de coisas chamativas que eles fazem.
Em Pirouette, eles seguem com as mesmas características primordiais que os fizeram ser essa banda “diferentona” e que te deixará: 1) abismado; ou 2) confuso. Nas duas alternativas, há funcionalidade. Aqui, o abismo se dá por momentos como “Diva”, cujo tom sombrio, de metais batendo com força gravitacional, serve como pano de fundo para as mudanças que o vocalista programa com certa dramaticidade. “No home to take you home to / I live alone with my material”, canta ele, enquanto a paleta de sons industriais vai se endurecendo até atingir um épico de EBM que corre em círculos, sem ter pra onde ir.
Essa sensação de enclausuramento, um tanto dançante, se mostra ainda mais presente em “Departures”. Nesta altura, porém, Pirouette já passou por meia dúzia de repetições estilísticas — como se, de fato, faltasse algum elemento que saltasse aos olhos além desses sentimentos propositalmente agrupados para causar ainda mais sentimentos. Para quê? você pode se questionar — e talvez não haja uma resposta. Soa, por isso, vago demais. E mesmo sob a justificativa de criar algo despropositalmente largado, seu cuidado calculado diz o contrário.
Selo: True Panther, Dirty Hit
Formato: LP
Gênero: Rock / EBM