
★★★★☆
4/5
Após 5 anos, uma das units (subgrupos de k-pop formados por integrantes de um mesmo grupo) femininas mais amadas da SM Entertainment, retornam para o cenário musical. Neste intervalo de tempo, foi possível acompanhar tanto a jornada musical do Red Velvet como, e até mesmo, as estreias e lançamentos solos das duas integrantes que compõem essa subunidade: Irene e Seulgi. Monster (2020), primeiro EP do grupo, obteve um sucesso imediato assim que lançado, ainda mais com os seus dois singles, a faixa-título e “Naughty” – talvez a faixa mais amada delas.
Em TILT, os caminhos traçados são quase os mesmos, mas diferentes, essencialmente dado o contexto em que o disco é lançado, com uma baixa significativa no arcabouço criativo do k-pop que grita crise. Com seis faixas, o segundo EP da dupla demonstra um amadurecimento maior em relação ao lançamento anterior, deixando um gostinho a mais em suas faixas e que soam preenchidas por elementos que, de certa forma, fizeram falta no passado. “TILT”, por exemplo, pode soar menos impactante que “Monster” em seu primeiro momento, mas depois que a atmosfera da canção é transmitida por completo, você consegue se estabelecer em um balanço direto entre o que ela substancialmente propõe, e é neste ponto que a vemos, gradualmente, crescer. Talvez o único problema seja o refrão, que parece vazio e repetitivo, mas não se pode deixar de lado em como os versos funcionam bem – e em como a canção combina com a Irene e a Seulgi.
Cercada de polêmicas, “What’s Your Problem” nasce com a participação de JULIE, integrante do grupo KISS OF LIFE, que apesar das circunstâncias que estão presentes aqui, a canção serve como uma boa quebra de energia, complementando para a atmosfera conceitual do álbum e fomentando parte da estrutura da qual o interesse do publico, positivo ou negativo, abraça os momentos de tensão gerados pela sobriedade dos sons que mesclam R&B e hip hop noventista. Mas o verdadeiro grito do projeto é “Girl Next Door”. Uma peça envolvente, com uma atitude necessária para o projeto, e ainda mais como ela explora a capacidade vocal das duas mulheres ao lado de um pop robusto, com baterias pesadas e uma ambientação que emana força.
É possível ver como a abordagem da dupla se tornou mais consistente com o tempo. As faixas são sexys, sensuais e falam – às vezes, até que de uma forma bem nítida – sobre a relação entre duas personas femininas. Por exemplo no trecho: “Jovem e linda / Você pode fazer qualquer coisa / Você pode vencer tudo / Eu gosto da menina ousada da porta ao lado”, cantado em “Girl Next Door”, enquanto outras faixas exploram a mesma tonalidade em suas letras.
O projeto foi, contudo, turbulento, e chega a ser irônico o quanto parecia haver forças contrárias atuando, especialmente vindas do público sul-coreano, que demonstra repulsa até mesmo por avanços mínimos ou provocações artísticas que muitos grupos atuais tentam propor. Felizmente, ao final, elas se mantiveram firmes em uma estabilidade admirável. TILT acerta ao dar continuidade ao que foi iniciado em Monster, ainda que a faixa-título não seja tão cativante, são as demais músicas do álbum que realmente fazem o projeto triunfar.
Selo: SM
Formato: EP
Gênero: Música do Leste e Sudeste Asiático / K-pop
Selo: SM
Formato: EP
Gênero: Música do Leste e Sudeste Asiático / K-pop