
3/5
A estreia solo de Alison Goldfrapp não era compatível à inventividade dos seus trabalhos dentro do duo Goldfrapp, porém era, ainda assim, um disco muito bom e com uma proposta bastante divertida; um disco centrado no house com uma energia animada incessante que demonstrava o ótimo domínio de Alison com a música dance. O segundo disco de Alison Goldfrapp fora da dupla é muito menos convincente da força da cantora como solista, sendo menos convidativo que The Love Invention. Flux, nesse sentido, cumpre o objetivo de ser um disco divertido, mas não evidencia muito de sua faceta artística.
Flux se trata de um electropop e synthpop que realiza alguns aspectos característicos de algumas das produções de artistas que trabalham em uma mistura de ambos os gêneros, até mesmo remetendo ao que Goldfrapp já fez em registros como especificamente o Supernature, de 2005, mas tudo de maneira menos poderosa que nesse álbum. O material mais acerta quando opera nessa mescla de sintetizadores melódicos que remetem aos anos 80 e eletrônicos densos com efeitos de compressão e fuzz para criar um ambiente, que a partir de texturas mecânicas, se torna futurista. Isso aparece mais claramente em “Sound & Light” e, principalmente, “Reverberotic”, essa última mergulhada no midtempo bass, o que torna essa natureza das faixas ainda mais intensa.
É legal também como a referência do electro-disco aparece em algumas canções com os sequenciadores energéticos que conseguem cumprir o propósito de tornar esses momentos animadores. Isso é mais evidente em “Strange Things Happen”, uma produção muito cativante que mistura o caráter rítmico intenso do hi-nrg em eletrônicos arpejados com melodias airosas.
Existem ainda alguns momentos do registro que realmente me parecem muito carentes de criatividade, o que contribui para a experiência no geral não ser tão animadora. A primeira música, “Hey Hi Hello” é um bom exemplo disso, a produção é nada cativante, ainda mais junto às melodias óbvias e o gancho enfadonho. No final, Flux é um álbum divertido composto de diversas faixas com escolhas de bom gosto, ainda que existam pontos em que é ausente um brilho. É um disco competente que cumpre com o básico que se propõe, mas não se compromete a ser nada mais que isso.
Selo: A.G. Records
Formato: LP
Gênero: Pop / Synthpop, Electropop