Crítica | Viva Lavida


★★★★☆
4/5

O disco Viva Lavida marca uma fase de experimentação e liberdade criativa para Joeboy, sendo o seu primeiro álbum sem o Sr. Eazi como produtor executivo e com uma nova direção musical assinada por Tempoe, conhecido por seu trabalho com Omah Lay, CKay e o próprio Joeboy. Lançado por sua própria gravadora, o projeto reflete o desejo do artista de explorar novas sonoridades e se afirmar como um compositor mais versátil e expressivo.

Com 13 faixas, Viva Lavida transita entre músicas mais animadas e outras suaves, mantendo como fio condutor o tema que mais define Joeboy: o amor. Desde a abertura com “Innocent”, faixa mais calma que encerra com um sample de soul sugerindo continuidade, até “Abena”, que traz múltiplos elementos de afropop, o disco demonstra a habilidade do artista em equilibrar leveza e intensidade emocional. “Streets Are Lonely” se destaca pela construção melódica e letra envolvente, reforçando a capacidade de Joeboy de capturar vulnerabilidade e expressividade em suas canções.

O álbum se diferencia de Body & Soul (2023), que focava no streaming e em números altos, apresentando um trabalho que mergulha no experimentalismo de gênero e voltado à identidade artística. Essa evolução se reflete não apenas nas composições, mas também na performance vocal: Joeboy exibe controle, potência, sensibilidade e clareza, variando tons e estilos ao longo do disco, mantendo o ouvinte atento a cada faixa.

O projeto incorpora influências globais, com instrumentos como oud, qanun, sitar e percussões caribenhas, criando uma sonoridade de “mundo aberto”. Além das colaborações esperadas na cena afropop, a inclusão da brasileira Elana Dara em “Sunset”, cantando trechos em português, mostra o interesse de Joeboy em expandir sua ponte musical com a América Latina, fortalecendo sua presença em mercados de língua portuguesa e espanhola.

Em termos de impacto, Viva Lavida chegou ao 8º lugar nos álbuns mais tocados na Nigéria, refletindo a relevância do artista em uma indústria musical dinâmica, onde manter consistência é um desafio crescente. O título do álbum sintetiza bem sua proposta: liberdade para expressar, ser vulnerável e experimentar. A escolha de Tempoe como produtor principal e a diversidade estilística das faixas reforçam o caráter expressivo do projeto, enquanto a narrativa romântica e realista consolida Joeboy como um dos principais nomes do afropop contemporâneo.

Em resumo, Viva Lavida apresenta Joeboy em evolução constante, demonstrando personalidade, entrega e maturidade na composição e na performance. É um álbum que valoriza a expressividade vocal, a diversidade de influências e a exploração temática do amor, mantendo o artista relevante e consistente em uma cena competitiva.

Selo: Young Legend
Formato: LP
Gênero: Música do Continente Africano / Afropop

Viviane Costa

Graduanda em Jornalismo, apaixonada por Música, Arte e Cultura. Integra a curadoria de Rap e Hip Hop do Aquele Tuim.

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