Crítica | Hold the Edges


★★★★☆
4/5

Relacionamentos complicados e emoções complexas são o tema lírico central de Hold the Edges. Kitba se identifica como não binário, e esse projeto nasceu durante um processo de autodescoberta da sua identidade de gênero, após o fim de um relacionamento longo. Em uma entrevista, elu comentou que: "Este álbum é realmente a jornada da minha voz — a ambiguidade e o aprofundamento em relação ao gênero", e acrescentou que não sente que precisa se limitar de nenhuma forma.

Sonoramente, Kitba traz influências de sons da música alternativa. Em "Wolf's Mouth", por exemplo, a faixa que mais me agradou de cara, senti uma conexão com bandas como Broadcast e Spiritualized. A estrutura pop está presente em todas as faixas, mas de um jeito que combina intensidade e leveza ao mesmo tempo, criando um equilíbrio constante. Isso mostra como Kitba tem uma abordagem diferente na hora de montar suas baladas. E "Wolf’s Mouth" é um ótimo exemplo disso. A música tem um toque caseiro com sintetizadores dos anos 80, bem atual, junto com guitarras etéreas que deixam tudo mais bonito.

Uma das músicas mais carismáticas aqui é “Fool”, que é um pop eletrônico com batidas divididas em tempos calculados de ritmo e distorções que ganham vida própria. É uma canção que tem um quê daquele indie pop que fazia sucesso no início dos anos 2010.

Outro destaque em Hold the Edges é a música “Ruins”, na qual a voz suave de Kitba fica em evidência na hora de cantar os versos, enquanto os instrumentos vão criando uma atmosfera especial. E tudo fica ainda mais marcante quando a música explode no final. No geral, é um trabalho profundo e muito bem produzido, em que Kitba parece tentar dizer algo ao ouvinte, que consegue entender sem grande esforço. Isso faz com que a gente se conecte bastante com a música e sinta uma identificação forte.

Compre: Bandcamp
Selo: Ruination
Formato: LP
Gênero: Pop
Vit

Sou a Vit, apaixonada pelo universo musical desde que me entendo por gente, especialmente por vocais femininos. Editora sênior e repórter no Aquele Tuim, onde faço parte das curadorias de Música Latina/Hispanófona e Pop.

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