
2/5
Depois de lançar alguns EPs amplamente elogiados pelo público e pela crítica, a banda Maruja finalmente apresenta seu álbum de estreia. Pain to Power soa como a culminação de tudo aquilo que vinham desenvolvendo desde então, essencialmente a partir do som testado nos discos Knocknarea, Connla's Well e Tír na nÓg. O problema é justamente esse: a sensação de novidade se perdeu e, mesmo antes, suas músicas já não eram exatamente extraordinárias. A banda acabou se tornando uma obsessão caricatural para muitos fãs do gênero, muito em função da ideia de ser o que há de mais próximo, hoje, de Swans e, mais obviamente, de Godspeed You! Black Emperor – associações feitas a partir de características estilísticas bastante superficiais. O pior é que Maruja sempre compactuou, seja por esforço próprio ou por delimitações estéticas, com essas impressões que guiaram seus lançamentos e garantiram um nicho fiel. Um nicho que passou a amar suas músicas embaladas por elementos que, vistos hoje, mais limitam do que expandem sua produção.
Em Pain to Power, as composições buscam catarse a qualquer custo: faixas de tom épico, misturas e arranjos instrumentais milimetricamente pensados para causar impacto imediato em quem ouve. Momentos como “Born to Die” exemplificam bem esse caminho. A faixa começa com fragmentos vocais e um acorde que percorre o silêncio, cresce aos poucos, expande-se até tomar a atmosfera por completo e atingir seu ápice, quando baterias e guitarras se contorcem diante de um saxofone que se impõe como parte da revolta orquestrada pelos vocais. É uma mistura de sentidos que se encaixa no que chamam de jazz rock – seja lá o que isso queira dizer – mas que não passa de uma busca clara por choque. E, nesse ponto, eles conseguem, pois esse tipo de recurso seduz justamente o público obcecado pela catarse que a banda persegue com tanta ênfase. O problema é que já vimos tudo isso antes. As mesmas ideias, a mesma dinâmica, já estavam presentes nos EPs lançados nos últimos três anos. O álbum apenas repete essa fórmula em maior quantidade, mas sem ser menos enjoativo ou previsível. É, no fim, uma estreia involuntariamente apática.
Selo: Music for Nations
Formato: LP
Gênero: Rock / Pós-Rock