Crítica | COLOR OUTSIDE THE LINES


★★☆☆☆
2/5

Há 13 anos atrás, PSY explodiu em nível global com “Gangnam Style”, primeira música a alcançar a marca de 1 bilhão de visualizações no YouTube. O Hallyu, que começou no fim dos anos 1990, começou a tomar uma forma consistente e inundou a cultura ocidental, e também foi igualmente ocidentalizada.

Para entender melhor o processo de “ocidentalização” da música coreana, é preciso ter em mente que, além de músicas tradicionais, vindas da Era Joseph, ou utilizadas em rituais xamânicos, o que conhecemos como k-pop (pop sul coreanos) é uma reciclagem de sons ocidentais e de subúrbio. Hip hop, techno, punk, e, mais recentemente, trap.

No começo de seu desenvolvimento, com Seotaiji and Boys, por exemplo, além da voz característica e única de Seotaiji, é apenas mais um álbum de hip hop. Entende? O k-pop é um retalho de outros gêneros e musicalidades manifestados em um país do Leste asiático, mas, isso não descaracteriza sua existência.

Após o sucesso, citado no começo, de PSY, o k-pop já passou por f(x), Red Velvet, EXO, Big Bang, 2NE1, Girls Generation, TVXQ/DBSK, GOT7, NCT, BTS, BLACKPINK, entre outros que, de certa forma, moldaram o ideário de k-pop na mente das pessoas. Músicas agitadas em coreano, com algumas frases em inglês, com um conceito por trás, talvez uma história, um personagem, algo que seria explorado em merchandising. Era um som característico, principalmente pela língua cantada.

Atualmente o k-pop passa por uma crise além da estética, há uma aderência em “ondas” do ocidente, como se as tendências de música no ocidente fossem, automaticamente, fazer vender mais — e fazem. O k-pop, em meados de 2012, ainda era muito nichado e de difícil de acesso — digo mais do merchandising —, os girls groups usavam saltos agulha, saias de bolinha debaixo de calças coloridas, eram sensuais, faziam barulhos de fritar os cabelos, enquanto que os boy groups seguiam a mesma regra. Era tudo muito kitsch, quase um brega sem querer ser brega.

E, então, chegamos na situação atual do panorama do k-pop: um copia e cola do que está em alta no TikTok. Assim, chegamos ao CORTIS, novo boy group da BIGHIT, casa do famosíssimo grupo BTS. É inegável que os integrantes do CORTIS são competentes, eles sabem dançar, eles cantam, eles têm muito swag. Mas, talvez por serem menores de idade e nativos digitais, essencialmente geração Z e filhos do TikTok, que tudo o que eles fazem soe como qualquer outra coisa, menos k-pop. As músicas que mais se assemelham a algo que a BIGHIT já produziu na ascensão do Hallyu são B-Side.

No geral, “FaSHioN” é legal, “GO!” é divertida, “Lullaby” é muito bem produzida, “What You Want” é juvenil, como uma trilha sonora de um coming-of-age e “JoyRide” prova que eles sabem cantar, e que o fazem bem. COLOR OUTSIDE DE LINES é um LP bom, diria que um bom começo de carreira, morno, comum, versátil. Mas, falta algo, não? Quando o k-pop deixou de ser k-pop? Se é que algum dia já foi.

Selo: BIGHIT MUSIC
Formato: LP
Gênero: Música do Leste e Sudeste Asiático / K-Pop

beatriS

Bibliotecário nas horas vagas. Faço parte das curadorias de Música do Leste e Sudeste Asiático, Rock e Experimental.

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