Crítica | Feast


★★★☆☆
3/5

Feast, EP de estreia da cantora e compositora Donya Solaimani, trata de suas raízes e influências a partir de um diálogo direto com o ouvinte. Segundo ela, é uma conversa sobre direção musical e gênero, sobre origens, raízes e futuros, sobre sonhos, dúvidas e determinação. No fundo, Donya tem razão: é parte da linguagem da música como arte esse tipo de colocação, a troca simbólica entre artista e ouvinte, interlocutores que interagem e compreendem as ideias que circundam o som. E chama atenção a forma como ela propõe isso.

A faixa de abertura, “Chahar Pareh”, é uma arrebatadora e emocionante imersão nas suas raízes, intensificada em “Another Spring”, canção em que ela traz à tona uma visão profundamente pessoal da cultura iraniana, cantando sobre momentos da infância em que visitava o país, sobre a comida e outros aspectos que dão densidade e textura aos seus temas.

Apesar de soar – e até ser, em certos momentos – um tanto robusto, Feast carrega emoções e sentidos muito acessíveis. Nos instantes em que acena ao jazz, em uma configuração próxima à da música ambiente, como em “My Brain Is Slow (But My Bike Is Fast)”, Donya parece dispensar qualquer estrutura voltada ao pop, ainda que o faça com naturalidade. Os instrumentos funcionam de forma precisa: o trompete ganha um espaço próprio, enquanto a bateria acompanha e fragmenta o ritmo junto à voz em tom meditativo, com o qual ela busca transmitir seu estado emocional sem recorrer a palavras ou expressões que o determinem. É o maior destaque do álbum.

Selo: Independente
Formato: EP
Gênero: Pop / Jazz

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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