Crítica | “Inferno” / “Evil World”


Em termos de versatilidade dentro do rap é surpreendente o que Bladee e Yung Lean possuem em suas carreiras. Nem precisa fazer um panorama completo de suas discografias, basta ver o que foi lançado por ambos em 2025. Bladee foi muito feliz em sua colaboração com Oklou e Yung Lean lançou um álbum de indie rock, no mínimo bastante esquisito e muito emo.

O que essa versatilidade diz nos novos singles da dupla, produzidos pelo também colaborador antigo da Drain Gang, Whitearmour, é que nunca se sabe exatamente o que esperar deles. Uma das melhores e mais intrigantes fases da carreira de Bladee para mim sempre foi a colaboração com a Working on Dying, o que resultou, de forma mais sofisticada, no rage de Cold Visions, lançado no ano passado — escolhido por nós como um dos melhores álbuns de Hip Hop de 2024.

Se Cold Visions era um sinônimo de uma sofisticação da limpidez do tread migrada para a nuvem sonora do rage, os novos singles, “Inferno” e “Evil World”, os artistas retomam a estética para uma forma de rimar e abraçar o beat de uma forma única. Whitearmour, que havia produzido apenas duas músicas em Cold Visions, faz alguns dos mais interessantes e sufocantes instrumentais que já ouvi no gênero. O que ajuda a não “oprimir” o ouvinte é a facilidade de Bladee e Yung Lean soarem tão tristes (leia-se emo) em cima de uma música que não foi feita para isso.

É sempre imprevisível se disso vai surgir algum projeto completo e quando, mas desde já aguarda-se com antecipação o que parece ser mais um grande momento da carreira desses três artistas.

Selo: Trash Island
Formato: Single
Gênero: Hip Hop / Rage, Cloud Rap
Tiago Araujo

Graduando em História. Gosto de música, cinema, filosofia e tudo que está no meio. Sou editor da Aquele Tuim e faço parte das curadorias Experimental, Eletrônica, Funk e Jazz.

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