Crítica | HEROINA


★★☆☆☆
2/5

Em seu novo álbum, HEROINA, Sevdaliza deixa para trás o pop com experimentalismo de gênero, sombrio e surreal, inspirado principalmente pela atmosfera do trip hop, para abordar o reggaeton. Os hits que ela conquistou bebendo de ritmos ligados ao reggaeton e ao funk brasileiro, “Ride Or Die Pt.2” e “Alibi”, estabeleceram os novos rumos que a cantora seguiu desde o ano passado. O problema reside no fato de que essa persona artística transformada é carente de desenvolvimento. Existe uma influência clara de Safety Trance e Arca nesse disco. Ele incorpora muitas sensibilidades do estilo de eletrônico latino futurista, com um tom mais dançante e batidas características do movimento neoperreo, em contraste com a cena mais mainstream do reggaeton. Sevdaliza, porém, soa como uma versão genérica disso. É o neoperreo em seu ponto mais comercial e higienizado possível.

É mais divertido do que a maior parte do reggaeton reproduzido por artistas de pop latino mainstream, justamente pela influência desses espaços muito mais interessantes da música latina. Ainda assim, é um disco sem personalidade. Sevdaliza se perde constantemente em sua nova visão dos estilos que toma como influência, falhando em construir uma faceta própria para si, e se tornando uma réplica extremamente genérica de uma gama de gêneros regionais que vão não só para o reggaeton, mas também para o funk e para o afrobeats. HEROINA soa como uma capitalização sem alma dessas culturas. Como disse, existem momentos divertidos, mas não há nenhuma evidência de identidade para a neerlandesa. É um registro que qualquer artista de pop latino mediana, se buscasse uma incursão no neoperreo, poderia fazer.

Selo: Independente
Formato: LP
Gênero: Pop / Reggaeton
Davi Bittencourt

Davi Bittencourt, nascido na capital do Rio de Janeiro em 2006, estudante de direito, contribuo como redator para os sites Aquele Tuim e SoundX. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Música do Leste e Sudeste Asiático, Pop e R&B.

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