Crítica | Maison Rouge


★★★★★
5/5

Quando Mr Eazi lançou “Violence” já dava pra sentir que vinha algo muito bom por aí. A faixa é irresistível, uma daquelas que grudam de forma sutil, e começar o disco com ela foi um acerto enorme. Produzida por P. Priime e E. Kelly — os mesmos nomes por trás de hits de Wizkid, Rema e Joeboy —, ela traz o Eazi mais confiante, com aquele groove de meio-tempo que só ele domina.

Com sete faixas, Maison Rouge mostra um artista em reconexão com suas origens. Desde “Skin Tight” e “Leg Over”, Eazi sempre teve um faro único para criar músicas que soam simples, mas são cuidadosamente construídas. Aqui, ele volta à banku music, gênero que ele mesmo criou: uma fusão do highlife ganês com o afrobeat nigeriano. O resultado é um som imediatamente reconhecível e envolvente — como se o artista tivesse aberto as portas de casa e convidado o ouvinte pra entrar.

Casanova”, o primeiro single oficial, dá sequência ao clima leve e dançante, enquanto “Bus Stop” mistura hiplife ganês e afrofusion num dos momentos mais interessantes do projeto — mesmo que, ironicamente, tenha sido a faixa menos abraçada pelo público. Já “Corny”, apesar de manter a estética suave, é o ponto mais fraco do EP, talvez por soar menos inspirada perto das outras.

Em entrevista recente, Eazi descreveu o trabalho dizendo: “Maison Rouge é mais do que uma coleção de músicas. É uma casa de memória e melodia, um lugar onde me reconecto com o motivo pelo qual comecei e convido os ouvintes a entrarem, desacelerarem e ficarem um pouco.” Essa frase resume bem o espírito do projeto: um retorno consciente às bases, com produção enxuta, foco em textura e calor humano.

O que torna Maison Rouge tão encantador é justamente a sua simplicidade. Não há pretensão nem busca por experimentações grandiosas, há apenas um artista que entende o poder do próprio som. A sonoridade é coesa, a produção é elegante, e a inspiração transborda de forma inenarrável. É um disco que mostra Mr Eazi completamente confortável dentro da sua identidade, a qual gostamos muito.

Selo: emPawa Africa
Formato: EP
Gênero: Música do Continente Africano / Banku Music, Afrobeats

Viviane Costa

Graduanda em Jornalismo, apaixonada por Música, Arte e Cultura. Integra a curadoria de Rap e Hip Hop do Aquele Tuim.

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