Crítica | ZL On Air Vol.2


★★☆☆☆
2/5

O novo disco do DJ e produtor GP DA ZL, ZL On Air Vol.2, é… estranho. Não num bom sentido. Nitidamente, trata-se da visão dele sobre a recente união do funk com a música eletrônica formal, e talvez aí resida o problema. Enquanto outros DJs mergulharam em aspectos mais singulares da música eletrônica para compor essa intersecção – casos de excelentes discos como Escama, Cyberbaile, RASGA!, ÆDM, O Que as Mulheres Querem, entre outros –, GP DA ZL parece se contentar com um híbrido simplificado de EDM, house e mandelão, que soa como se tivesse sido feito a partir de samples prontos ou descartes de nomes como Peggy Gou e Mochakk.

GP DA ZL, há algum tempo, foi acusado de copiar ideias de outros DJs, o que, pessoalmente, considero uma história tosca e que jamais deveria servir de pretexto para ataques a ele. O funk é, por essência, uma arte da roubofonia: depende da violação dos direitos autorais para existir e continuar sendo essa locomotiva musical cheia de renovações estéticas. Não faz sentido cultivar esse conservadorismo barato que tenta limitar quem está imerso em um espaço que, por natureza, dispensa supostas integridades artísticas intocáveis. E é justamente por isso que, apesar de estranho, ZL On Air Vol.2 ainda apresenta boas ideias quando se trata de absorver o que funcionou – e continua funcionando – nessa tendência. É o caso de “Hipnose”, com MC DDSV e MC Rd, um EDM distorcido por tuim que acerta em cheio ao propor uma visão mais obscura da música eletrônica em diálogo com o funk.

Ao contrário de “Introdução Underground”, com MC PR, que tenta sugerir um caminho parecido com o que ZL On Air Vol.1 trilhou, adentrando de fato em aspectos vanguardistas do mandelão de forma acessível, mas só tenta. O que se segue a partir dela é a introdução e a manutenção de uma superficialidade temática e estética que define o que GP parece fazer agora. Ele soa sem criatividade até mesmo para emular sons que antes acertava no equilíbrio entre hits prontos e faixas atordoantes em audições ao vivo. O pior é que suas investidas eletrônicas aqui se repetem o tempo todo, com drops e estruturas que vêm e vão como modelos pré-definidos usados à exaustão. A música mais distinta, nesse sentido, é “Pódio (Bônus)”, uma faixa extra que não tem absolutamente nada a ver com as demais, sendo apenas uma demonstração de ego com baterias mid-tempo e versos de hip hop, surgindo em um péssimo momento artístico, embora em um excelente momento de números e ganhos para o artista, que parece se contentar com isso.

Selo: Hype do Funk
Formato: LP
Gênero: Funk / Eletrônica

Matheus José

Graduando em Letras, 24 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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